Mauro Santayana
Todos nós sabíamos da possibilidade técnica de que isso viesse a
ocorrer, mas agora é o próprio governo norte-americano que admite a
intromissão de seus agentes em qualquer terminal de computador do mundo -
não só para conhecer seus arquivos, mas para alterá-los, controlá-los,
intervir em seus comandos, apagá-los e substituí-los. É a paranoia
americana elevada a dimensões apocalípticas.
Há dias, o New York Times publicou artigo de Julian Assange, o fundador do WikiLeaks,
comentando a estreita aliança entre o Google e o Departamento de
Estado, a tal ponto em que o CEO do maior portal de buscas prevê o
império mundial dos Estados Unidos, mediante o sistema da internet.
Agora se sabe que não é só o Google que se encontra associado ao projeto
de domínio da Web pelos serviços de segurança, mas todos os outros
sistemas de busca sediados nos Estados Unidos, além do Facebook e outras
redes de relacionamento, ainda que tentem desmentir essa relação.
A ordem presidencial foi emitida por Obama em outubro do ano passado, conforme The Guardian,
que fez a denúncia, com exclusividade, em sua edição de sexta-feira. Os
grandes jornais do mundo imediatamente trataram também do tema.
O Big Brother de Orwell tiranizava um país em
particular; nosso grande irmão Obama pretende dominar, de forma
definitiva e absoluta, o mundo inteiro. De acordo com as 18 páginas das
instruções, distribuídas a todos os órgãos encarregados da segurança
nacional americana, não há alvo protegido, embora, em alguns casos, a
ordem de invasão dos dados tenha que partir do próprio presidente.
Obama, que, segundo algumas fontes, pretendia falar grosso com o
presidente chinês, a propósito da alegada invasão dos arquivos do
Pentágono por hackers de Pequim, no encontro que mantiveram, na
Califórnia, e na mesma sexta-feira, perdeu o discurso. Horas antes, e
constrangido, ele fora obrigado a admitir a insolência.
O sistema das comunicações eletrônicas, descoberto há pouco
mais de um século com Marconi e outros pesquisadores, chegou às
dimensões fantásticas de nosso tempo, como expressão da liberdade. Essa
liberdade, acompanhada do conhecimento, oferece ao homem a possibilidade
de sair da pré-história, conforme alguns pensadores que não convém
mencionar. Não há outro instrumento, a não ser a internet, capaz de
mobilizar instantaneamente os cidadãos. Mas, esse meio, sob o controle
de algum país em particular, pode significar uma ditadura mundial
insuportável, já que não será contrastada por nenhum outro poder.
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