Caio Martins, um
dos líderes do Movimento
Passe Livre, durante
as manifestações da
semana passada / Foto:
Veronica Manevy
|
“O estudante Caio Martins diz, contudo, que
o ato de amanhã em SP será mantido para "celebrar a conquista, apoiar os
movimentos em outras cidades e em solidariedade aos detidos e processados"
O estudante de história da USP Caio Martins, integrante do Movimento Passe Livre (MPL), que chamou todos os protestos até agora na capital paulista, confirmou que as manifestações marcadas para está quinta-feira 20 estão mantidas, mesmo após o anúncio da redução das tarifas de ônibus, trem e metrô em São Paulo e da redução da tarifa de ônibus no Rio.
"O governo cedeu e conquistamos a
principal pauta de reivindicação dos protestos Vamos manter o ato de amanhã em São Paulo para celebrar
a conquista, em apoio aos movimentos de outras cidades e contra a repressão. Será
também um ato em solidariedade a todos os manifestantes que foram detidos,
presos e estão sendo processados". O sétimo ato contra o aumento das
tarifas em São Paulo
está convocado para amanhã, 17h, na avenida Paulista.
Na avaliação de integrantes do MPL, a
conquista possui também um caráter pedagógico. “A esquerda tem uma enorme
dificuldade de obter vitórias objetivas, que impactam diretamente na vida da
população. Mas quando a gente luta junto, de forma organizada, e sai às ruas, é
possível reverter esse quadro”, afirma o jornalista Daniel Guimarães, de 29
anos. O jovem catarinense participou das Revoltas da Catraca em Florianópolis,
em 2004 e 2005, que conseguiram barrar o reajuste das tarifas naqueles anos. Os
protestos inspiraram a criação do Movimento Passe Livre durante o Fórum Social
Mundial, em 2005. E não demorou para o grupo criar raízes nas principais
capitais brasileiras.
“Florianópolis foi o embrião do MPL, mas a
conquista em São Paulo
tem um significado ainda maior. Trata-se da maior cidade da América Sul, com
mais de 11 milhões de habitantes”, celebra Guimarães, hoje morador da capital
paulista. “É evidente que a luta não para por aqui. Exigimos transparência nos
contratos de transporte coletivo, que o próprio Ministério Público considera
uma caixa-preta. A estratégia de longo prazo é coletar 500 mil assinaturas para
um projeto de iniciativa popular que viabilize a tarifa zero em São Paulo. O objetivo
é garantir o direito de acesso à cidade para toda a população, sobretudo a mais
pobre, que vive nos bairros mais afastados e enfrenta a barreira da tarifa para
acessar serviços de saúde, educação, lazer e próprio trabalho.”
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