Capa da Folha de ontem: é de estranhar que a o jornal tenha reservado a manchete de domingo para uma história tão bombástica cuja apuração parece incompleta (Foto: Reprodução) |
'A denúncia da Folha de S. Paulo de ontem
que aponta o favorecimento do tio de Aécio na construção de um
aeroporto, numa cidade de 25 mil habitantes por 14 milhões pagos pelo
governo do estado, pode significar uma pá de cal nas pretensões do
mineiro na disputa presidencial. Mais pelo que ainda pode ser
investigado do que pelo que já foi publicado. A matéria da Folha, mesmo
bombástica, tem várias brechas. Algo muito estranho para um texto que
atinge uma candidatura presidencial de um partido ao qual o jornal é
simpático.
Na matéria, por exemplo, os personagens
citados não são apresentados de maneira mais completa. O prefeito, o tio
de Aécio e mesmo as disputas políticas locais e a própria cidade não
têm suas histórias apresentadas. Toda a denúncia é fundamentada no
flagrante do repórter que ligou pra prefeitura e ouviu do prefeito que a
chave do portão fica com o tio de Aécio.
A Maria Frô acaba de postar no seu blogue
a história do primo de Aécio, filho do dono do terreno onde está o
aeroporto, que foi condenado por vender habeas corpus como
desembargador.
Ou seja, a história pode ser um pouco mais cabeluda do que essa reportagem inicial.
Até o momento não há nenhuma relação ou
evidência de que o caso do helicóptero apreendido com 600 quilos de
cocaína e que era da família Perrela possa ter alguma conexão com a
construção de um ou mais aeroportos em Minas de maneira pouco
convencional. E cuja gestão não esteja sendo controlada pela Anac ou
pelo governo, mas fique a cargo de uma pessoa que libera o uso porque
tem as chaves da entrada da propriedade. Reforço, não existe nenhuma
relação até o momento de um caso com outro, mas é evidente que passa a
ser uma linha de investigação. Helicópteros de contrabandistas e
traficantes precisam de aeroportos clandestinos ou pouco utilizados
comercialmente para operar.
O caso Lunus acabou com a candidatura de
Roseana Sarney e favoreceu José Serra na disputa de 2002. Também não há
nada ainda que possa levar a crer que essa denúncia contra Aécio seja
fogo amigo. Mas é de estranhar que a o jornal tenha reservado a manchete
de domingo para uma história tão bombástica cuja apuração parece
incompleta.
Aécio pode ter sido atingido em pleno
início do voo e de forma mortal. Os próximos dias serão decisivos para a
sua candidatura. E o que se pode e deve fazer neste caso é jornalismo e
investigação. Ilações e conexões sem provas não levam a nada. Mas há aí
uma boa história para ser apurada."
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