terça-feira, 22 de julho de 2014

Aécio Neves, aeroporto, helicóptero, caso Lunus e o tal do jornalismo

Capa da Folha de ontem: é de estranhar que a o jornal tenha reservado a manchete de domingo para uma história tão bombástica cuja apuração parece incompleta (Foto: Reprodução)
Renato Rovai, Blog do Rovai


'A denúncia da Folha de S. Paulo de ontem que aponta o favorecimento do tio de Aécio na construção de um aeroporto, numa cidade de 25 mil habitantes por 14 milhões pagos pelo governo do estado, pode significar uma pá de cal nas pretensões do mineiro na disputa presidencial. Mais pelo que ainda pode ser investigado do que pelo que já foi publicado. A matéria da Folha, mesmo bombástica, tem várias brechas. Algo muito estranho para um texto que atinge uma candidatura presidencial de um partido ao qual o jornal é simpático.

Na matéria, por exemplo, os personagens citados não são apresentados de maneira mais completa. O prefeito, o tio de Aécio e mesmo as disputas políticas locais e a própria cidade não têm suas histórias apresentadas. Toda a denúncia é fundamentada no flagrante do repórter que ligou pra prefeitura e ouviu do prefeito que a chave do portão fica com o tio de Aécio.

A Maria Frô acaba de postar no seu blogue a história do primo de Aécio, filho do dono do terreno onde está o aeroporto, que foi condenado por vender habeas corpus como desembargador.

Ou seja, a história pode ser um pouco mais cabeluda do que essa reportagem inicial.

Até o momento não há nenhuma relação ou evidência de que o caso do helicóptero apreendido com 600 quilos de cocaína e que era da família Perrela possa ter alguma conexão com a construção de um ou mais aeroportos em Minas de maneira pouco convencional. E cuja gestão não esteja sendo controlada pela Anac ou pelo governo, mas fique a cargo de uma pessoa que libera o uso porque tem as chaves da entrada da propriedade. Reforço, não existe nenhuma relação até o momento de um caso com outro, mas é evidente que passa a ser uma linha de investigação. Helicópteros de contrabandistas e traficantes precisam de aeroportos clandestinos ou pouco utilizados comercialmente para operar.

O caso Lunus acabou com a candidatura de Roseana Sarney e favoreceu José Serra na disputa de 2002. Também não há nada ainda que possa levar a crer que essa denúncia contra Aécio seja fogo amigo. Mas é de estranhar que a o jornal tenha reservado a manchete de domingo para uma história tão bombástica cuja apuração parece incompleta.

Aécio pode ter sido atingido em pleno início do voo e de forma mortal. Os próximos dias serão decisivos para a sua candidatura. E o que se pode e deve fazer neste caso é jornalismo e investigação. Ilações e conexões sem provas não levam a nada. Mas há aí uma boa história para ser apurada."

Nenhum comentário: