Carta Maior - publicado em 18 de julho de 2014 às 21:11
Os Brics e a Unasul exigem participação no Conselho de Segurança da ONU. Foto José Cruz/Agência Brasil
Segundo o sociólogo Emir Sader, a situação dos países do centro do capitalismo – União Europeia e Estados Unidos – está na contramão do desenvolvimento com integração
por Redação RBA, publicado 17/07/2014 13:58, última modificação 17/07/2014 18:32
São Paulo – As reuniões entre os chefes de governo dos Brics, em Fortaleza, e entre esse bloco e o da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), em Brasília, são o acontecimento mais importante na geopolítica mundial desde o fim da Guerra Fria. “É uma semana histórica que está acontecendo no Brasil”, afirma Emir Sader em seu comentário hoje (17) na Rádio Brasil Atual.
“Eu diria até que é uma espécie de Bretton Woods do sul do mundo, que foi o acordo no final da Primeira Guerra Mundial pelas grandes potências capitalistas para controlar o sistema internacional, do qual surgiu o FMI”, ressalta. O cientista político avalia que a atual situação dos países do centro do capitalismo, União Europeia e Estados Unidos, está na contramão do desenvolvimento com integração, o slogan da reunião dos Brics e da criação de seu respectivo banco.
“Se eu fosse tipificar o que faz a Europa hoje com sua política de austeridade, é exatamente contrário: recessão com exclusão de direitos. Então, são dois mundos completamente opostos.” Para Sader, a eleição do ex-primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, como presidente da União Europeia, indica “claramente um contraponto” ao que fazem esses países e os Brics. Juncker é a favor do “paraíso fiscal” e é considerado um dos pais do programa de austeridade que provocou grande crise social na Grécia, em Portugal e na Espanha.
Segundo o sociólogo e colunista da RBA, a criação de bancos é um processo longo. “Um integrante da delegação chinesa disse que demoraria dois anos para o Banco dos Brics começar a funcionar”, ressalta, observando que não haveria ainda recursos disponíveis para ajudar a Argentina. O país tem duas semanas para se posicionar em relação à decisão judicial dos Estados Unidos que determinou que o pagamento da dívida com os credores que não participaram de acordo de renegociação.
“Apoio político ela tem, unanimemente. O problema é saber como se consegue brecar a decisão de um juiz que favorece 7%, quando 93% tinham aceitado a renegociação da dívida.” Sader aponta que é o mesmo mecanismo feito pelos Estados Unidos com países africanos. “É uma máfia que tem de ser quebrada”, afirma.
Unasul
Além da criação do Banco dos Brics, o bloco estabeleceu ontem (16) com a Unasul acordos políticos, como a defesa da presença de África e América do Sul no Conselho de Segurança da ONU. O presidente de Venezuela, Nicolás Maduro, propôs ainda que a Unasul crie um banco que tenha relações com o dos Brics. Sader considera o funcionamento da Unasul precário e que precisa se fortalecer para que a proposta seja viável.
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Encontro de Brics e Unasul é o feito histórico mais importante desde a Guerra Fria
Segundo o sociólogo Emir Sader, a situação dos países do centro do capitalismo – União Europeia e Estados Unidos – está na contramão do desenvolvimento com integração
por Redação RBA, publicado 17/07/2014 13:58, última modificação 17/07/2014 18:32
São Paulo – As reuniões entre os chefes de governo dos Brics, em Fortaleza, e entre esse bloco e o da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), em Brasília, são o acontecimento mais importante na geopolítica mundial desde o fim da Guerra Fria. “É uma semana histórica que está acontecendo no Brasil”, afirma Emir Sader em seu comentário hoje (17) na Rádio Brasil Atual.
“Eu diria até que é uma espécie de Bretton Woods do sul do mundo, que foi o acordo no final da Primeira Guerra Mundial pelas grandes potências capitalistas para controlar o sistema internacional, do qual surgiu o FMI”, ressalta. O cientista político avalia que a atual situação dos países do centro do capitalismo, União Europeia e Estados Unidos, está na contramão do desenvolvimento com integração, o slogan da reunião dos Brics e da criação de seu respectivo banco.
“Se eu fosse tipificar o que faz a Europa hoje com sua política de austeridade, é exatamente contrário: recessão com exclusão de direitos. Então, são dois mundos completamente opostos.” Para Sader, a eleição do ex-primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, como presidente da União Europeia, indica “claramente um contraponto” ao que fazem esses países e os Brics. Juncker é a favor do “paraíso fiscal” e é considerado um dos pais do programa de austeridade que provocou grande crise social na Grécia, em Portugal e na Espanha.
Segundo o sociólogo e colunista da RBA, a criação de bancos é um processo longo. “Um integrante da delegação chinesa disse que demoraria dois anos para o Banco dos Brics começar a funcionar”, ressalta, observando que não haveria ainda recursos disponíveis para ajudar a Argentina. O país tem duas semanas para se posicionar em relação à decisão judicial dos Estados Unidos que determinou que o pagamento da dívida com os credores que não participaram de acordo de renegociação.
“Apoio político ela tem, unanimemente. O problema é saber como se consegue brecar a decisão de um juiz que favorece 7%, quando 93% tinham aceitado a renegociação da dívida.” Sader aponta que é o mesmo mecanismo feito pelos Estados Unidos com países africanos. “É uma máfia que tem de ser quebrada”, afirma.
Unasul
Além da criação do Banco dos Brics, o bloco estabeleceu ontem (16) com a Unasul acordos políticos, como a defesa da presença de África e América do Sul no Conselho de Segurança da ONU. O presidente de Venezuela, Nicolás Maduro, propôs ainda que a Unasul crie um banco que tenha relações com o dos Brics. Sader considera o funcionamento da Unasul precário e que precisa se fortalecer para que a proposta seja viável.
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