por Rodrigo Vianna*
Qual o nome
para o que a Polícia Militar fez em São Paulo durante mais uma
manifestação contra o aumento das passagens de ônibus e metrô? Proibiu
carros de som e megafones nas ruas, agrediu jornalistas e fotógrafos,
encurralou manifestantes, atirou bombas a esmo, pisoteou a Democracia.
Desacostumado
com manifestações públicas, o brasileiro aceitou a versão da velha
mídia que, após os atos da semana passada, classificou os manifestantes
como simples “baderneiros”?
Dessa vez, quem tentou impedir uma manifestação pacífica em São Paulo? Como
se pode nomear as cenas protagonizadas pela polícia (e devidamente
registradas e espalhadas em tempo real pelas redes sociais)? Baderna ou
barbárie?
A polícia
tentou cercear o direito à manifestação. Atacou a liberdade de
expressão. Isso se chama “subversão”. Sim, a PM paulista subverteu a
ordem democrática.
A Polícia Militar foi baderneira e subversiva!
E pra completar: manifestantes foram presos com base numa lei que trata ativistas sociais como “quadrilheiros”. O
mais chocante: o PT e outros partidos de esquerda, as centrais
sindicais mais representativas e os movimentos sociais importantes estão
ignorando a garotada que foi pra rua enfrentar a barbárie. É preciso
dizer: não aceitamos que o governador de São Paulo trate manifestantes
como “quadrilha”. Movimento social não é quadrilha. O próximo passo,
disse-me há pouco o colega blogueiro Renato Rovai, é tratar movimento
social como “terrorismo”.
Aliás, acompanhe cobertura ao vivo da Revista Fórum, sob coordenação do Rovai.
Alckmin
tenta se cacifar junto ao conservadorismo paulista. Ele sabe bem o que
está fazendo. É chocante ouvir por aí – na classe média supostamente bem
educada – que “essa gente tem é que levar borachada”. É a base
alckmista. Mas o mais chocante é perceber que o petismo e as bases
lulistas ficam sem saber o que dizer. Talvez à espera do sinal dos
“líderes”, à espera dos cálculos que submetem tudo, absolutamente tudo, à
lógica eleitoral.
Humildemente,
lembro que há questões inegociáveis. E uma delas é o direito à
manifestação. Ah, mas esses atos são convocados por “radicalóides” do
PSTU e do PSOL! Então, façamos com que sejam mais do que isso, mais
amplos. Ah, mas há provocadores que vão pra rua depredar e atirar
pedras! Ora, desde que o mundo é mundo, isso é assim. Não há
manifestação com mais de 2 mil ou 3 mil pessoas em que não surja gente
disposta apenas a tumultuar.
Mas volto a
insistir. Manifestação não é baderna, nunca foi e nunca será. Baderna,
isso sim, é polícia que dá tiro em manifestante ajoelhado, baderna é
governador usar a cavalaria na avenida Paulista, baderna é partido de
esquerda (ou, ao menos, com bases de esquerda) submeter-se à lógica
eleitoral e não vir a público denunciar o fascismo social que se tenta
implantar em São Paulo.
Isso tudo, sim, é baderna pura! É um Pinheirinho no centro de São Paulo. Um Pinheirinho na avenida Paulista.
Há erros na
ação dos manifestantes? Parece que sim. Mas há um mérito inequívoco na
atitude deles: retirar da letargia jovens que, na última década, foram
acostumados com a idéia de que nenhuma ação coletiva faz sentido.
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